MONTESQUIEU: Cartas Persas



MONTESQUIEU. “Cartas Persas”. Cartas 38, 65, 66, 67, 74, 75, 76, 77, 81, 82, 87 e 116.

Resumo
As “Cartas Persas” é uma compilação de textos do filósofo francês Barão de Montesquieu escritos de 1711 a 1720 e publicados anonimamente em 1721. Por meio desta narrativa, critica a sociedade, os costumes, as instituições políticas e os abusos da Igreja e do Estado na França e Europa da época. Montesquieu tem um tom relativista, pois relativiza os valores de uma civilização pela comparação com os de outra muito diferente. Verdadeiro manual do Iluminismo, foi uma das obras mais lidas no século XVIII.

Comentários e Citações
O assunto da carta 38 é sobre as mulheres: “Uma grande questão divide os homens: saber se é mais vantajoso deixar as mulheres livres ou privá-las da liberdade.” É interessante observarmos que no século XVIII já era discutida a questão da liberdade da mulher e juntamente o assunto do divórcio. O que, hoje, parece-nos trivial – liberdade feminina e divórcio – naquela época causou um impacto na sociedade francesa.

Outro ponto importante é a carta 66 que fala sobre as pessoas que publicam livros; nessa carta Montesquieu defende a ideia de que se uma pessoa não tem nada a dizer é preferível que ela cale-se do que publicar bobagens.

A carta 74 é interessante por relativizar a fé. Os muçulmanos são fundamentalistas, ou seja, para eles somente sua fé é a verdadeira. Já para os franceses e para Montesquieu, em particular, a fé depende do contexto, depende do estômago fazer mal ou bem a digestão, depende do ar está poluído ou não, ou seja, Montesquieu relativizou a moral; o homem não é obrigado a aceitar todos os dogmas da fé sem os criticar. Sobre as leis (carta76) o autor acha as leis francesas muito rígidas e levanta uma questão: se um homem não concorda com as leis de seu país o que ele deve fazer? Ir embora? Ele responde que “Enquanto vivo sob as leis, estou obrigado a cumpri-las.”

Sobre a origem das leis civis (carta77) o filósofo iluminista diz que o melhor seria se conseguíssemos ser felizes e criássemos leis isentas da religião, mas como não conseguimos, algumas leis surgiram da observância das leis religiosas:
“Se um ser se compõe de dois seres, e a necessidade de conservar a união expressa uma melhor submissão às ordens do Criador, entende-se que dela se tenha feito uma lei religiosa. Se essa necessidade de conservar a união constitui um bom fiador para as ações dos homens, entende-se que se tenha convertido numa lei civil.”

Segundo o filósofo em “Paris reina a liberdade e a igualdade” que inspirará os ideais da revolução francesa. Critica, também, o catolicismo por não permitir o divórcio que faz com que casais não vivam felizes e, consequentemente, homens busquem prazeres fora do casamento (cartas 88 e 116).

Como foi dito anteriormente as “Cartas Persas” dá-nos uma ideia de como era a França do século XVIII e um quadro ideológico dos pensadores do iluminismo.

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